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Todos juntos Pelo Aprendizado

Atualizado: 19 de out. de 2020

Por Sofia Fernandes de Oliveira, Ana Luiza Prazo de Almeida e Alan Carvalho.


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Faça um breve resumo da sua ideia


A nossa ideia parte da proposta de que apesar da dificuldade de atrair os pais para as escola, do jogo de empurra das responsabilidades e da vulnerabilidade social das família (que pode ser um obstáculo para essa aproximação), pais/responsáveis e escola possuem o mesmo objetivo: o aprendizado do aluno.

A partir daí, pensamos na nossa vivência e lembramos dos pais engajados dos nossos alunos e pensamos no que os faz ir até a escola buscar informações sobre o processo de aprendizagem de seus filhos. Entendemos que esses pais valorizavam a educação como pilar, sabiam as atividades que estavam acontecendo na escola e como estava o desempenho dos alunos e reconheciam a escola como parceira no processo e, por isso buscavam professores, coordenadores e até o próprio diretor para atingir o objetivo de aprendizado dos alunos.

Chegamos à conclusão que é possível criar uma solução que seja na forma de um conjunto de atividades encadeadas, consistentes e que tenham como o objetivo principal não a aproximação dos pais da escola ou o simples envolvimento dos pais em eventos escolares, mas sim no objetivo que tem em comum: o aprendizado dos alunos.

Dessa forma, criamos a “Jornada dos pais e da escola pelo aprendizado dos alunos”. A começar pelo nome, ela traz a mensagem de parceria que deve ser construída, traça um objetivo em comum e tira o foco de qualquer obrigação unilateral de ambas as partes, tornando claro que só haverá sucesso se a responsabilidade for compartilhada.

O objetivo da Jornada é que: criar uma cadência de atividades que engaje a família, fazendo com que ela passe a buscar e ver a escola como parceira para atingir o objetivo em comum de aprendizagem do seu filho, e para tal, tenha direcionamentos claros de como fazê-los.

Ela consiste em 3 principais atividades:


A escola deverá criar formas de divulgar aos pais as atividades que estão sendo realizadas com os alunos em sala de aula (e até mesmo o seu desempenho). Em uma camada mais avançada, entendemos que a escola poderá realizar uma parceria com agentes de saúde - que já visitem a escola - e pedir que respondam um questionário com questões básicas sobre como gostariam de se comunicar com a escola e o que gostariam de ver na reunião de pais e também falar sobre o desempenho dos seus filhos para as famílias);


A escola deverá criar estratégias simples para dar dicas e sugestões aos pais de como atuar para fomentar o aprendizado do seu filhos (pensamos em pílulas através de listas de transmissão no wpp que sejam acessíveis e fáceis de serem feitas como “Pergunte ao seu filho sobre o que ele aprendeu hoje”;


A escola deverá realizar escuta ativa dos pais sobre o que possuem interesse em discutir nas reuniões, quais são os melhores horários e estar aberta para acolher sugestões para que os pais sintam que possuem, na escola, uma parceira e não alguém que irá realizar cobranças ou irá trazer apenas reclamações (se a comunicação é constante, a escola acaba fazendo muito mais que chamando os alunos para falar de seu mau comportamento).

*As etapas da jornada estão descritas na imagem.


Quais recursos seriam necessários para implementar a sua ideia? Descreva de forma geral os recursos financeiros, humanos e tecnológicos.


Em relação aos recursos financeiros, nós partimos de 4 pilares fundamentais para a aplicabilidade da jornada e também desenhamos uma trajetória que gere valor para a escola e para os pais, sempre focando na aprendizagem dos estudantes, e sem gerar muito custo.

Nós partimos de 4 pilares:

Não é preciso reinventar a roda: Já existem muitas atividades realizadas na escola que são voltadas para os pais, podemos talvez mudar o paradigma que está por trás dela com atitudes simples que façam o pai perceber a escola como parceira e como capaz de fornecer ferramentas para que ele auxilie o aprendizado do seu filho;


Consistência e coordenação podem ser a chave para o sucesso: Apesar de as atividades da escola já acontecerem e, as vezes, até com o mindset correto, falta coordenação - elas precisam estar relacionadas para que os pais entendam seus resultados, consistência para que apesar dos primeiros resultados ruins não desistamos já que uma mudança de paradigma leva tempo e acompanhamento, é preciso que sejamos capaz de medir as atividades e realizar ajustes ao longo de todo o processo, de acordo com o contexto de cada escola.


Mudança de paradigma: foco no sucesso do aluno: para evitar o “jogo do empurra”, mudar o paradigma significa pautar toda a comunicação no objetivo que a escola e a família têm em comum: aprendizado do aluno. E toda e qualquer comunicação deve ter o intuito de fazer o aluno aprender, trazendo as discussões para o que realmente importa.


Todos fazem parte do processo, inclusive o aluno: muitas vezes, os alunos não participam ativamente das atividades de trazer os pais para a escola por diversas razões. Para nós, os alunos são peças fundamentais nesse processo e são o grande elo que conecta os pais e a escola, sendo o seu desempenho o foco de todas as atividades. Desse modo, o aluno deve ser envolvido.


Dessa forma, a nossa solução não envolve custo financeiro. Porém, é preciso considerar aqui que haverá um custo marginal do tempo dos professor padrinho (descrito na imagem) para se dedicar para essas atividades e também da coordenação para realizar ligações e coordenar essas atividades.


Nós dividimos a solução em duas camadas, pensando especificamente na aplicabilidade. A cama simples envolve a jornada e a imagem. Na camada avançada, há custos envolvidos no processo uma vez que gostaríamos de firmar uma parceria com agentes de saúde para que eles pudessem reforçar essa ponte de levar as informações do desempenho dos alunos para os pais e realizar a escuta ativa. Para que dê certo, haviam gastos envolvidos, especialmente para que houvesse uma ferramenta na qual os agentes pudessem adicionar coletar as informações.


No entanto, reforçamos que essa é uma forma de aprofundar a jornada, mas acreditamos que a solução consiga promover grandes mudanças, mesmo sem investimento.


Como surgiu a sua ideia? Ela é inspirada em alguma vivência sua ou em outras iniciativas existentes?


Um dia, enquanto nós atuávamos como professoras de escola pública em uma escola na periferia de Campo Grande-MS, um pai um dia veio nos perguntar como incentivar a leitura do seu filho. Ele sempre batia no filho quando ele não fazia os deveres, o que acabava afastando ainda mais o estudante da escola. Inconscientemente, o pai estava criando memórias negativas para o filho relacionadas à aprendizagem e, mesmo tentando auxiliar a escola, podia estar prejudicando o engajamento do seu filho com a escola. Quando dei algumas dicas simples para o pai como: pergunte o que ele achou da história e puxe assunto com ele sobre o que ele lê. O pai acho muito valioso essas dicas. Ao refletir mais sobre essa situação pontual, pensamos sobre dois aspectos específicos: (i) os pais querem que seu filho aprenda, mas diversas vezes tem dificuldade de entender o que isso significa - ir na entrega de boletim é suficiente? trabalhar e possibilitar que eles estudar é apoiar os estudos? ii) a maioria dos pais não é proativo em buscar a escola, por isso é necessário que a comunidade escolar faça essa busca ativa, constante e com um olhar atencioso especialmente para os que mais precisam.


Como a sua ideia ajuda famílias vulneráveis a acompanhar melhor a vida escolar de seus filhos? Como ela impacta o acompanhamento da vida escolar de alunos mais velhos?


A jornada coloca responsabilidades claras para professores, coordenação pedagógica, direção e, inclusive, estudantes. Acreditamos que o diferencial é o envolvimento de todos de maneira lúdica, na forma de uma jornada e a divisão de responsabilidades, de modo a não sobrecarregar ninguém. Diante desta perspectiva, atribuímos para acompanhamento periódico das famílias mais vulneráveis (filhos de pais analfabetos e estudantes com risco de abandono) os coordenadores e a direção escolar. A expectativa é que com a divisão de responsabilidade os demais membros da comunidade escolar possam assumir responsabilidade de um acompanhamento de famílias mais presentes e menos vulneráveis.


Além disso, uma das nossas estratégias para atingir os estudantes que mais precisam é garantir que as ações sejam coordenadas e constantes - não acreditamos que nenhuma prática ou campanha isolada será capaz de mudar a cultura escolar e especialmente para chegar à famílias em situação de maior vulnerabilidades é necessário ações consistentes e contínuas. Um outro ponto muito importante que deverá ter enfoque nas famílias vulneráveis é o fato de que a jornada é feita para ser simples, sem atividades que demandem muita complexidade ou muito tempo.


As pílulas enviadas serão simples como “Você conversou com seu filho hoje sobre o que aconteceu na escola”, “Qual o livro que seu filho está lendo, peça para ele te contar a parte que mais gostou”, “Hoje, peça que ele leia um trecho do seu exercício para você”, entre outras atividades que permitem que todos os pais possam ser envolvidos em uma conversa na mesa de jantar. Apesar da simplicidade dessas ações, elas têm o poder de aumentar - e muito - o capital cultural desses alunos que passaram a ter estímulos frequentes para desenvolver atividades educacionais.


É uma mudança de paradigma, é a escola entrando na casa dos alunos e isso se reverberando em uma mudança na relação entre os pais e a escola. No que tange aos alunos mais velhos, a nossa estratégia é que a partir da relação que os alunos e os pais seriam capazes de desenvolver com a escola ainda no ensino fundamental (que talvez seja a fase que eles estariam mais propensos a realizar as atividades da jornada), essa mudança de paradigma iria se reverberar conforme eles se desenvolvessem e crescessem, gerando impactos a mais longo prazo, uma vez que a relação de confiança entre pais, alunos e escola já foi estabelecida.


Como seria a relação entre a escola e a família se a sua ideia fosse implementada com sucesso?


Se nossa ideia for implementada com sucesso, os pais ou responsáveis se sentiriam aptos e capazes de estimular e promover os aprendizados de seus filhos e, uma vez que a escola foi a promotora desse processo, eles veriam a escola como parceira deste processo, reconhecendo que ambas as partes possuem esse objetivo em comum. Para além disso, eles se sentiriam motivados a se engajar com a comunidade escolar seja em atividades da escola ou participando das reuniões porque eles veriam valor nessa aproximação.


Outro ponto importantíssimo é que com a nossa jornada, os pais, alunos e toda a comunidade escolar seriam capazes de acompanhar e entender o processo de aprendizagem dos alunos, disseminando conhecimentos simples sobre estratégias de incentivo a educação, mas também garantindo que a educação passasse a fazer parte da mesa de jantar, das conversas em casa e até mesmo sendo algo que poderia ter mais relevância na tomada de decisão de algo tão simples como perder um dia de aula por conta da chuva. Uma vez que os pais acompanham as atividades dos seus filhos, ele saberia que haverá uma avaliação importante naquele dia ou a apresentação de um trabalho que seu filho vem desenvolvendo há muitas semanas e isso faria toda a diferença na relação que os pais têm com a escola - o que terá consequências na relação que o filho desenvolverá com a unidade de ensino.


Ainda mais importante que tudo isso, os alunos seriam (e devem ser) os principais impactados neste processo uma vez que o seu aprendizado teriam grandes efeitos. Acreditamos que o desempenho escolar dos alunos iria aumentar, mas também eles poderiam se envolver em atividades acadêmicos mais desafiadoras, o que provavelmente teria grande impacto na redução da evasão escolar.


Envie um link de imagem que represente a sua solução.




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